segunda-feira, 18 de junho de 2012

Você já parou para pensar que desenvolvemos uma incapacidade praticamente inarredável de não conseguir conviver com os paradoxos da vida?

Parece que fomos doutrinados a condicionar a nossa felicidade à necessidade de que tenhamos sempre em
mãos uma solução definitiva para todos os nossos problemas.

Portamo-nos como se todas as coisas, obrigatoriamente, tivessem que ter uma definição categórica - ou deve-se fazer isso ou deve-se fazer aquilo.

Incorporamos uma filosofia de vida em que para ser feliz nada pode ficar em 'stand by'. E assim passamos a nos cobrar diariamente atitudes objetivas e categóricas - PRA ONTEM.

Não é brincadeira, mas na Grécia antiga houve um tempo em que os dilemas da alma não precisavam ser resolvidos. Durante um longo período na História da humanidade os gregos aceitaram a existência do paradoxo. Isto é, enquanto vigorou essa idéia, sequer existiam as figuras do certo e do errado. Ou seja, quando eles não tinham certeza sobre algo, a dúvida não representava necessariamente um problema, nem mesmo obrigava a uma resolução imediatista e temerária. Sabiamente, trabalhavam com a possibilidade real de que a verdade sempre pudesse vir à tona num momento seguinte e oportuno.

Só por volta de 515 a.C. é que surgiram as figuras lógicas(?) do certo e do errado presentes na discurseira de Platão. Assim, todas as dúvidas existenciais deveriam ser resolvidas mediante a eliminação obrigatória de uma das alternativas para que, enfim, se pudesse deixar a verdade brotar de maneira pura e absoluta no universo do pensamento.

Pronto. Platão nos fez esse favor(?) de instituir a 'imposição de escolhas'.
Graças a ele(grrrrr), a partir de então, todos os sentimentos ambíguos passaram a ser severamente rechaçados devendo ser resolvidos a qualquer custo.

- Mas que belo espólio nos deixaste, Seu Platão! Se hoje pensamos assim, é Graças ao Senhor que, por passar as noites queimando os miolos filosofando sobre tudo e subjetivando sobre o nada, um dia se cansou dos paradoxos da vida e resolveu disseminar uma corrente mundo afora de que o que era 'in' na época era não procrastinar mais nada. Batata! A bucha veio estourar na gente. Êta lábia ...

2 comentários:

Marcio JR disse...

Ai Ai. Posso puxar uma cadeira e sentar? O papo pode ser longo. rsrsrs.

Neca, tive que rir mais para o final. Você tá certíssima. O cidadão, o tal Platão, resolveu ficar de "plantão", e semear talvez as dúvidas de outro também meio maluco, chamado Shakespeare. Acredito que este segundo, lendo o Platão, bolou a célebre "ser ou não ser". rsrs.

Brincadeiras a parte, o certo é que somos, sim, doutrinados a sempre ter um lado para apoiar, um certo ou errado para nos direcionar, e assim, saímos julgando a tudo e a todos.

Alguns casos vão além, como a questão de costumes e atos. Muitos homossexuais são condenados por terem feito uma escolha (alguém escolhe ser homossexual?) para suas vidas. Para a maioria das pessoas, eles, os homossexuais, estão fora do padrão, e os condenam. Outros casos, como pessoas que tem uma mente mais liberada para questões sexuais, também são tratados como "doentes", só porque se permitem pensar fora da "caixinha".

Meu Deus, isso vai longe.

Passei rapidinho, mas não teve como não falar um pouco. Mas hoje tá feia a coisa aqui. Tempo ruim e muito trabalho.

Postagem pertinente e perfeita, minha querida.

Bjs, Nequinha.

Marcio

18 de junho de 2012 às 16:09
Neca disse...

Vixi, tão bom se apoiar nos paradoxos de vez em quando.. rsss.. Bjitos!

19 de junho de 2012 às 12:12

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